Marido espera na sala, impaciente, por mulher que está se arrumando com mil acessórios para mais uma noite de fim de semana . Vários cortes intercalados mostrando a impaciência dele que anda para um lado e para o outro sempre olhando no relógio e vigiando o quarto que está com a porta entreaberta, mostrando a mulher em frente à penteadeira. Ele desliga e liga a TV, faz o mesmo com o radio, vai até a geladeira e pega uma cerveja. Quando abre a lata o barulho se confunde com a imagem do pincel de maquiagem Take do relógio de pulso em fusão com o de parede, com o de mesa, com o de cozinha, etc. Tudo isso em superfusão com a cara dele em desespero, e a dela em êxtase, imaginando-se em pelo menos três situações, com roupas diferentes. Ele não suporta a situação e decide levar a penteadeira com eles para rua. Na rua tentam colocar a penteadeira no carro mas não conseguem, desolado ele joga fora as entradas para uma ópera, sentam-se no meio fio e ela, que é meio gordinha, faz menção de estar com fome. Os dois olham para o outro lado da rua avistando uma lanchonete. Partem imediatamente para ela. Mas, quando chegam na porta, dá-se outro impasse: a roupa e a maquiagem não são apropriadas para a freqüência do local (mista). Depois de uma breve discussão, o marido volta à calçada onde está a penteadeira, a pega, atravessa a rua, a coloca em frente a lanchonete, dá um tchauzinho para mulher, que adora a idéia e começa a se maquiar, enquanto isso, ele entra e pede algo para comer, sob olhares curiosos das pessoas que presenciavam a loucura em evidência.
Na calçada: pivetes, prostitutas, funkeiros, etc. Se aglomeram para usarem a penteadeira junto com a mulher que está indiferente. A câmera vai subindo e abrindo o quadro, revelando o "burburinho" e também a saída do homem em segundo plano. Sem ninguém tomar conhecimento, ele deixa cair uma granada de mão, entra no seu carro e sai fazendo um sinal de Fuck your self, seguido de uma explosão de todo o 1º plano com penteadeira, lanchonete, etc. Em contraste com o 2º, que permanece com o carro indo embora solitário. Ufa! Ainda bem que, pelo menos na nossa imaginação é possível nos livrarmos de certos empecilhos da vida em comum sem deixarmos o glamour de lado.
De: ©João Henrique Schiller 03 de julho de 95 |